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quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Minha bonequinha

Eu não sou mais uma bonequinha.Nem sua, nem minha.
Honestamente nunca estive a cargo de ser nada em seu nome. 
O meu corpo sempre me pertenceu,  nunca foi um brinquedo seu.
Um empoderamento sempre à espera do momento em que eu saltaria da insólita condição a que estava submetida por uma falsa ideia de fragilidade.
Bonequinha de porcelana, frágil, quebrável, em suas mãos.
Na contramão da dignidade, caminhava atrelada aquela mão estendida. Mesma mão que me empurrava ao abismo.
Saltei para o mundo onde os meus cabelos podem ter qualquer cor que não exista, qualquer tinta que declare o quanto minha é a escolha.
Não há brasa acesa em um punhado de fumo enrolado que me submeta à necessidade de mostrar uma liberdade. De tão livre, apaguei esmagado em um cinzeiro, o último cigarro.
Podem ser verdes ou azuis, pintadas e até mesmo descascadas as unhas que crescem sem que as cerre com meus dentes ansiosos e inseguros.Crescem coloridas garras que vezes se partem, mas que continuam afirmando e crescendo reafirmando o quanto minha passei a ser.
Na descoberta de novos cremes e pós com diferentes texturas e aplicações, a ousadia de maquiar as marcas do vento, do sol, das lágrimas. Criar novos personagens com caras e bocas de lábios em labaredas pegando fogo com vermelho intenso batom.
Eu fui um objeto de distração, satisfação de toda uma conceitual regra , moral ou ética. Eu fui, desfazendo, pouco a pouco, as tramas que me teciam, No desenrolar dessa meada, embaraçada me sentia por não saber mais quem eu era. Quis arrematar. Soltei o fio, deu um nó, apertado, repuxado e quando quase partindo, rasguei em mil tiras os véus que me encobriam.
Estou livre, até mesmo daquilo a que me algemei durante toda a vida, absolvida de cargos e regras e conceitos e títulos e culpas e em uma descoberta de uma prenda que sempre puder ser, dada a mim.



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