Espero, vá embora. Já não é tempo para murmúrios e ladainhas. Apenas vá.
Silenciei até as despedidas para que não se demore em sua partida.
Poupe-se de esforços inúteis para ficar.
Sinto ainda na cervical os calafrios da sua permanência.
Não me permites a tranquilidade da respiração natural. Me deixas em agonia a cada instante. Em evidente insanidade.
As idas e vindas da tua estúpida e pertubadora aparente razão me confundiram tempo demais, parecendo infindáveis os ciclos viciosos de prazer e dor. Quase me convenço da tua verdade, esquecendo por um instante de que os fatos provam o contrário.
Laços de fita com função tão primorosa, tornaram-se corda amarrada em meu pescoço a me enforcar. Toda a força e polidez do mármore escolhido a dedo para a soleira, agora é lápide fria onde jaz a serenidade.
Já o vejo distante, partindo a passos apressados, se fazendo firme e decidido. Mas o vento que vem de onde estás, em minha direção, tem aroma de orgulho ferido em ferro quente, couro queimado e coração dilacerado.
Aguente firme a tua irracional ira. Entupa-se de qualquer substância alucinógena. Beba até que seu fígado se transforme em geléia de mocotó. Fume até o mato seco do jardim. Mas não se atreva a trazer a tona a sua enorme superioridade sob mim. Não me venha com a sua honra atingida. É só a mesma hipocrisia das convenções sociais.
Segue com teu orgulho, porque a mim, resta a tentariva de me recompor.
sábado, 18 de outubro de 2014
Aflição
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